A Ilusão do Ano da Virada: Como Construir Metas que se Sustentam
Você já reparou que, no final do ano, a maioria das pessoas faz listas de metas, planos e promessas, acreditando que o próximo ciclo será finalmente “o ano da virada”? Porém, a história costuma se repetir: janeiro começa com entusiasmo, mas dezembro termina com a mesma mistura de frustração, angústia e esperança.
Se você reconhece esse padrão, talvez este texto te ajude a entender o motivo desse ciclo de repetição e, quem sabe, até a sair dele.
Por que será que isso acontece?
Porque, no final do ano, entramos em um estado emocional de alta expectativa. Existe um desejo coletivo de renovação que mobiliza energia e imaginação, mas iniciamos janeiro dentro da mesma estrutura psíquica e comportamental do ano anterior. Ou seja, continuamos os mesmos, apenas com novos planos promissores.
Durante esse período de angústia e reflexão, escrever metas traz ao cérebro um sinal de organização, que reduz a ansiedade e traz à mente a sensação de clareza. Essa sensação causa bem-estar, pois transmite a impressão de avanço, mas é apenas uma sensação de controle, não de conclusão.
Durante o planejamento, pode ser liberada uma pequena quantidade de dopamina, que cria a ilusão de movimento e, logo em seguida, a pessoa nem dá continuidade às metas.
Abaixo seguem algumas dicas de como podemos conseguir atingir nossas metas no próximo ano.
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Trocar metas abstratas por identidades funcionais.
Antes de perguntar “o que devo fazer para atingir?”, pergunte:
Quem eu preciso me tornar para sustentar esta jornada?
O comportamento muda quando a identidade muda. -
Criar rituais mínimos diários.
O cérebro aprende por repetição e previsibilidade. -
Reduzir o atrito ambiental.
O ambiente tem mais força que a motivação, então tente deixar tudo esquematizado para diminuir a resistência. -
Estabeleça metas com contorno emocional.
Pergunte-se:
– Qual frustração essa meta exige que eu tolere?
– Onde eu costumo desistir?
– Quais mecanismos de defesa podem surgir durante o processo?
Antecipar o desconforto reduz o impacto dele. -
Planejar para o pior cenário, não para o cenário perfeito.
Dessa forma, você se sente preparado para situações difíceis que possam surgir. -
Monitorar progresso, não perfeição.
A mente desiste quando percebe a distância entre o ideal e a realidade.
Acompanhe as pequenas vitórias. Progresso, mesmo que pequeno, gera dopamina, serotonina, endorfina e oxitocina. Já o perfeccionismo ativa o modo ameaça do cérebro, gerando cortisol e podendo paralisar a ação. -
Revisar crenças que sustentam o sabotamento.
Toda meta colide com alguma crença antiga. Então pergunte:
– O que em mim ganha quando eu não mudo?
– Do que estou me protegendo ao me sabotar?
Ter essa consciência resignifica o ciclo. -
Criar contratos consigo mesmo.
Se possível, até por escrito, com cláusulas e data para o término.
Revisite esse contrato de tempos em tempos e veja se precisa incluir ou retirar algo. -
Trabalhe com ciclos curtos.
Tente começar com metas de até um mês e depois aumente para três meses e assim por diante. -
Registre seu progresso.
Registrar seus avanços reforça, no cérebro, a certeza de que você é capaz.
Criar uma vida alinhada às suas metas é um processo, não um evento. E, muitas vezes, fazer isso sozinho/a é pesado demais. Se você percebe que precisa de apoio para sustentar esse novo ciclo, estou aqui para caminhar com você.
Agende sua sessão. Vamos construir, juntos, um próximo ano possível e verdadeiro.